1. Sozinha, Encontrei a sua companhia, João. No que te encontrei, parte de mim procurava. E parte sentia certeza do encontro.
2. Enxergas o mundo, João, com cores e notas. É um ver de sabedoria, o teu, sem enredo ou detalhe. O seu olhar é tranquilo, oposto, João, desse meu olhar.
3. O que vai ser agora, João? Juntamos o teu e o meu, é tudo nosso agora. Como faremos para carregar dia após dia, tudo que da união principia?
4. Enquanto te calas, João, aprendo a falar, e enquanto sou fogo, ardes. Alegria por nós, que ensinamos, aprendemos e juntos vivemos em cada raiar do dia.
5. Construiremos um mundo gentil e amável, mesmo que seja só nosso, João? E nossos herdeiros o que herdarão? De onde virá a força e o pão, João?
6. Um ano passou. Amadurecido, nosso amor cresceu. Você é presente, João, passado e futuro. Meu João, meu presente, meu amigo.
7. Diante de tudo e de todos, e diante da imensidão deste vasto universo, é uma felicidade dividir uma vida com você, João.
Hoje eu estava lendo o blog da minha prima e fiquei curiosa a respeito da autora de um poema que gostei muito - Hino dos Comedidos. Lupe Cotrim, que na verdade era Maria José Cotrim Garaude Gianotti foi uma poetisa e professora da ECA - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo na década de 60. Todos os textos dela que consegui achar na internet, apesar de não serem muitos, despertaram em mim uma vontade de comprar livros e saber mais sobre essa mulher que escreve com tanta clareza, discernimento e inquietação. Não tenho dúvidas de que o mundo seria um lugar melhor se existissem mais Lupes Cotrim.
HINO DOS COMEDIDOS
Não me agradam esses homens bem fracionados no tempo, cedendose amavelmente em todas as ocasiões. E mais também não me agradam os partidários tão vários de toda a moderação. Passo distante dessa gente comedida e moderada, que guarda o vinho vinte anos para bebê-lo mais velho, homens de ferro que só sabem anunciar a mensagem de espera, que aguardam o momento oportuno, que, sempre expelindo relógios, resistem à melhor viagem, que desconhecem as emoções que sabem apenas sofrer sincronizados às tristezas publicadas nos jornais. Adeus, moderados, Adeus, que sou diferente: compreendo a mulher que rasga as vestes e sinto imensa ternura pelo homem desesperado.
A RAIZ COMUM
Esse equilíbrio incerto em que vario, fechada num consciente paradoxo, esse saber instável e ortodoxo e a angústia de ser porto e ser navio.
Essa ambição contínua do meu gosto, esse céu, em que não confraternizo, essa dor escondida no seu riso e essa paz defendida no meu rosto.
E dentro de mim, gritando em atropelo, desejo de presenças e raízes, desejo de ser mais do que a partida.
Mas o cenário frio ao nosso apelo e esses homens partidos em países e a morte, um grito surdo desta vida.
Hoje você completaria 80 anos. Me pego pensando como seria. Certamente estaríamos todos reunidos e você estaria radiante. E fiquei me perguntando o que movia você, tão cheia de vida, tão ansiosa, sempre tão apressada. Concluí que sua alma sabia que é somente uma vida, solamente una vez. John Lennon completaria 71 anos hoje também. E, por coincidência, também era assim. Acho que eu sei o que movia você. O amor. Uma doce e total renunciação. ♥
Solamente una vez Ame en la vida Solamente una vez Y nada mas
Una vez nada mas en mi huerto Brillo la esperanza La esperanza que alumbra el camino De mi soledad
Una vez nada mas Se entrega el alma Con la dulce y total renunciación
Y cuando ese milagro realiza El prodigio de amarse Hay campanas de fiesta que cantan En el corazón