segunda-feira, maio 07, 2012

Chico Buarque

Tenho uma amiga que é mais fanática por Chico Buarque do que eu. Na verdade eu aprendi a ouvir por causa da minha mãe, que sempre gostou muito. Eu cantarolava as letras desde pequena, sem entender lhufas o que elas diziam. Quando eu comecei a entender, eu passei a entender também porque minha mãe gostava. E passei a ouvir Chico Buarque cada vez mais,  a ir no Roda Viva com a Rolão (beijo, Inha!), a ler os livros, a ver os documentários... Só não vi nenhum show ao vivo, porque sempre chego tarde para comprar.

Já essa minha amiga é fanática. Teve uma época que ela passou a caminhar entre 6h - 9h no Leblon só para ter a possibilidade de cruzar com ele na rua. Ela é doente. Mas voltando ao Chico, ela e eu discordamos de muita coisa, na maioria em relação à letra.
Na minha opinião, essa aqui é uma das melhores:

O Que Será (à Flor da Pele)

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz implorar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os tremores me vêm agitar
E todos os suores me vêm encharcar
E todos os meus nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz suplicar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo.




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