terça-feira, outubro 06, 2009

Bar Sete de Paus

Em um baralho havia um rei, mas ele não era um rei qualquer, era o Rei de Ouro.
E como qualquer Rei de Ouro que se preze, governava todo o seu baralho ao lado da Rainha de Copas.
Todo o baralho vivia feliz com o casal real e a cada jogada vencida, o Rei de Ouro reforçava seu poder frente a todos os seus súditos. A Rainha de Copas, embora famosa pela mão de ferro, guardava dentro de si um grande segredo.
Um dos seus súditos, um mero serviçal da mesa de jogo, causava-lhe uma grande afeição e com ele desejava um dia, deitar-se no veludo verde em meio à um Royal Flush jamais visto antes, onde ao invés do monótono Rei de Ouro, estaria seu querido Sete de Paus.
Ao fim de uma jogada em que a Rainha não estava na sua melhor sorte, durante um embaralho, encontrou-se frente a frente com o amado Sete de Paus. Num relapso, na entrega de cartas, caiu na mesma mão que o serviçal, longe da vista do Rei, onde juntos, puderam se amar pela primeira vez.
O Valete de Espadas, amigo leal do Rei, viu tudo de uma mão próxima e, assim que se reuniu com seu líder, tratou de contar tudo.
O Rei, enfurecido, rasgou o Sete de Paus e expulsou sua Rainha de Copas do baralho.
Abandonada sem rumo, decidiu fugir até o Brasil no conturbado ano de 1968, onde foi acolhida por um novo baralho. As cartas pertenciam a um grupo alegre, pronto para lutar por seus ideais de liberdade, ideais esses, similares aos da Rainha, que esqueceu seu passado e jamais o revelou às outras cartas.
Em meio a milhares de jogadas, a Rainha conheceu muitas das pessoas que fizeram a história da música brasileira com o movimento da Tropicália. Abraçando a ideologia do grupo, a Rainha tornou-se uma libertina, viveu muitos romances, mas nunca mais teve um grande amor.
Em 2006, decidiu abrir seu coração e inaugurou o bar que traz em seu nome uma homenagem ao seu inesquecível amado Sete de Paus.

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